31.10.08

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O olhar é um pensamento.
Tudo assalta tudo, e eu sou a imagem de tudo.
O dia roda o dorso e mostra as queimaduras,
a luz cambaleia,
a beleza é ameaçadora
- não posso escrever mais alto
transmitem-se, interiores, as formas.


Herberto Hélder

Imagem: Noah Kalina

30.10.08

You don't know me, Ben Folds feat. Regina Spektor

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Vou pôr anúncio obsceno no diário
pedindo carne fresca pouco atlética
e nobres sentimentos de paixão.
Desejo um ser, como dizer, humano
que por acaso me descubra a boca
e tenha como eu fendidos cascos
bífida língua azul e insolentes
maneiras de cantar dentro da água.
Vou querer que me ame e abandone
com igual e serena concisão
e faça do encontro relatório
ou poema que conste do sumário
nas escolas ali além das pontes
E espero ao telefone que me digam
se sou feliz, real, ou simplesmente
uma espuma de cinza em muitas mãos.

António Franco Alexandre

Imagem: Irina Rozovsky

cá está, my beautiful creature

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Imagem: sodanoose

22.10.08

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Holly: You know those days when you get the mean reds?
Paul: The mean reds, you mean like the blues?
Holly: No. The blues are because you're getting fat and maybe it's been raining too long, you're just sad that's all.

The mean reds are horrible. Suddenly you're afraid and you don't know what you're afraid of. Do you ever get that feeling?
Paul: Sure.

Breakfast at Tiffany's, Blake Edwards (1961)

imaginação científica: pHANNIBAL, pKANNIBAL, pHELLSGATE, pWATERGATE

21.10.08

temo a qualquer momento entrar em casa, encontrar estes tipos e desatar a correr porta fora


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The Good, the Bad and the Ugly, Ennio Morricone


(ninguém quer limpar aqui a casinha? é que já me irritam estas bolas de cotão a cirandar de um lado para o outro sempre que vem um ventinho.)

20.10.08

Deriva


Através do teu coração passou um barco
Que não pára de seguir sem ti o seu caminho

Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem: gloria-aniela


17.10.08

um bilhete para Paris, por favor.

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Seize the day, Wax Tailor
Paris, Cédric Kaplisch (2008)

15.10.08

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Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

Cecília Meireles

Imagem: LifeSaverSheep

13.10.08

rainy day please stay

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Priscilla Ahn, Rain
Imagem: Recklessl-2

9.10.08

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Não sabemos nada
Nunca saberemos se os enganados
são os sentidos ou os sentimentos,
se viaja o comboio ou a nossa vontade
se as cidades mudam de lugar
ou se todas as casas são a mesma.
Nunca saberemos se quem nos espera
é quem nos deve esperar, nem sequer
quem temos de aguardar no meio
de um cais frio. Não sabemos nada.
Avançamos às cegas e duvidamos
se isto que se parece com a alegria
é só o sinal definitivo
de que nos voltámos a enganar.


Amalia Bautista

Imagem: LifeSaverSheep

8.10.08



Combat Lover, Nina Kinert (Pets & Friends, 2008)

7.10.08

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Wherever you're going, you're still gonna be there.

Manic, Jordan Melamed (2001)
Imagem: Ye Rin Mok

6.10.08

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O tempo, esse pequeno escultor,
prolongou-te os gestos
até à exaustão, ao limite do escárnio,
ao inoportuno reclame daquele
que vai morrer e não morre
e fala demasiado sobre o silêncio do seu grito.

Paciência. Não poderia ter sido de outra
maneira. Há uma influência parada,
onde o cadáver de deus
nada quer dizer. Sim, tem chovido muito.
Mas que saberá destas mesmas horas
o gato negro que a tua mão já não encontra?

Deténs-te, usas palavras vãs, despedes-te.
Sabes que foi sempre assim.


Manuel de Freitas

Imagem: Hannah Starkey

os mimis da migas

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Os amores de Astrea e Celadon, Eric Rohmer (2007)

3.10.08

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Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio de asas.

- Como quereis o equilíbrio?

David Mourão-Ferreira
Imagem: FourPumpkins

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Natalie Dee

2.10.08

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Anoitece.
No promontório a oeste,
as aves do mar parecem adormecidas.
Uma única estrela acende a sua luz sobre o
horizonte,
sobre as lanternas brancas e azuis,
sobre a inquietação dos peixes vermelhos.
Mas nada se ouve.
Ninguém bate à porta,
os amigos são apenas uma palavra vazia,
sepultada para sempre.
Silenciosamente,
duas lágrimas descem o meu rosto,
na varanda deste hotel,
entre as árvores do fogo e a noite em ruínas.
Fecho os olhos.
Dói, às vezes docemente, dói a vida.


José Agostinho Baptista

Imagem: Hannah Starkey

in the sweet bye and bye

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