12.9.17





Quando o amor morrer dentro de ti, 
Caminha para o alto onde haja espaço, 
E com o silêncio outrora pressentido 
Molda em duas colunas os teus braços. 

Relembra a confusão dos pensamentos, 
E neles ateia o fogo adormecido 
Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido 
Espalhou generoso aos quatro ventos. 

Aos que passarem dá-lhes o abrigo 
E o nocturno calor que se debruça 
Sobre as faces brilhantes de soluços. 

E se ninguém vier, ergue o sudário 
Que mil saudosas lágrimas velaram; 
Desfralda na tua alma o inventário 
Do templo onde a vida ora de bruços 
A Deus e aos sonhos que gelaram. 


Ruy Cinatti
Imagem: Dialogue, Rudolf Bonvie



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